A Reunião
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A REUNIÃO
Onze jovens intelectuais
(Literatos, poliglotas e educados.
Todos eles integrantes
Da elite pensante brasileira.
Preparados, moldados e polidos
Pelos melhores mestres
Das melhores instituições de ensino)
se encontram em uma sala.
(As camisas são brancas e lisas;
Os ternos, bem engomados;
Os cabelos, bem esticados;
Os nós, nas gravatas, bem feitos;
Os sapatos, brilhantes e negros;
Os sorrisos, amarelos e feios;
Os gestos, lentos e calmos;
Os rostos, belos e tristes.
Suas falas repetem os livros
Que repetem outras falas
Que se repetem
Que se repetem
Que se repetem)
Reunidos num círculo oco
Os jovens debatem
O futuro de outros seres
(humanos ou não)
Que nunca verão
Nem nunca virão a abraçar.
Assim preenchem suas tardes:
Suas vísceras cheias de tédio.
Seus pensamentos cheios de nada.
Suas veias desprovidas de sangue.
Através da janela,
Assistem, alheios e inertes,
(Sentados na última fila, bem longe do palco)
A um espetáculo
Que não admite intervalos
E que não pára de acontecer
Chamado vida.
(A chuva cai livre lá fora.
Os pingos passeiam no vento
De quando em quando,
Colam seus olhos no vidro
Espiando, zombeteiros,
A estupidez
A mediocridade
E o vazio
Das pessoas que ali se reúnem)
Onze jovens intelectuais
(Literatos, poliglotas e educados.
Todos eles integrantes
Da elite pensante brasileira.
Preparados, moldados e polidos
Pelos melhores mestres
Das melhores instituições de ensino)
se encontram em uma sala.
(As camisas são brancas e lisas;
Os ternos, bem engomados;
Os cabelos, bem esticados;
Os nós, nas gravatas, bem feitos;
Os sapatos, brilhantes e negros;
Os sorrisos, amarelos e feios;
Os gestos, lentos e calmos;
Os rostos, belos e tristes.
Suas falas repetem os livros
Que repetem outras falas
Que se repetem
Que se repetem
Que se repetem)
Reunidos num círculo oco
Os jovens debatem
O futuro de outros seres
(humanos ou não)
Que nunca verão
Nem nunca virão a abraçar.
Assim preenchem suas tardes:
Suas vísceras cheias de tédio.
Seus pensamentos cheios de nada.
Suas veias desprovidas de sangue.
Através da janela,
Assistem, alheios e inertes,
(Sentados na última fila, bem longe do palco)
A um espetáculo
Que não admite intervalos
E que não pára de acontecer
Chamado vida.
(A chuva cai livre lá fora.
Os pingos passeiam no vento
De quando em quando,
Colam seus olhos no vidro
Espiando, zombeteiros,
A estupidez
A mediocridade
E o vazio
Das pessoas que ali se reúnem)
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