Blog da Zefa

Tuesday, September 27, 2011

Saturday, June 05, 2010

Foi mal, mas não vou te enganar

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Eu não quero me casar
Eu não quero me casar
Eu não quero me casar

Eu não quero ter filhos
Eu não quero seu amor vazio

Eu sou mais eu

E você
E você
E você
E tudo aquilo que a gente pode ser

Saturday, July 26, 2008

O pior cego é aquele que não quer escutar


Wednesday, July 23, 2008

"Existir é isso: beber-se a si próprio sem sede"





seja
tristeza e beleza
nas profundezas d'alma
se escondem

sê, sem se.
e em si se deixe
abandonado à própria
existência

enleve-se
embriague-se em seu
próprio sangue

sangre
sangue
sangre

Thursday, July 10, 2008

Sobre a arte de procurar nexo nas coisas.


Faz tempo que sofro.

Mas tudo bem. Cada dia de sofrimento me deixa mais próximo do fim do sofrimento.

Tuesday, July 08, 2008

Cenas de Um Casamento - Ingmar Bergman




Peguei-me com os olhos arregalados em diversos momentos do filme. São realmente assustadoras as reações que o diretor conseguiu produzir em mim. Trata-se de uma mini-série em seis episódios, produzida para a TV Sueca em 1973. No total, são 5 horas de gravações. Não há trilha sonora. A maioria dos takes é longa e se passa dentro de um ambiente fechado (um quarto, um escritório, uma sala). A câmera, na maior parte do tempo, é estática, excetuando-se os closes fulminantes nos protagonistas, que parecerm levar o espectador para dentro da alma dos personagens. Não é, com certeza, um filme recomendado aos amantes das películas de ação e aventura. A densidade dos diálogos e a excelente atuação dos atores, no entanto, fizeram com que eu não conseguisse desgrudar a atenção da tela por um minuto sequer. É impressionante como a evolução do caráter dos protagonistas se revela. É impossível não se identificar com algum deles em determinados momentos do filme. É lamentável admitir que, como os personagens de "Cenas de um Casamento", sou mais um 'analfabeto emocional'. Ensinaram-me boas maneiras, idiomas, ciências humanas, biológicas e exatas; preparam-me para os mais difíceis desafios profissionais; alertaram-me sobre a importância da família, do trabalho, da estabilidade financeira; sei exatamente quais papéis devo exercer nas mais variadas situações cotidianas. Esqueceram-se, entretanto, de me ensinar como lidar com meus sentimentos. Assim, ao me deparar com o menor dos problemas emocionais, desabo. Acabo reprimindo-no e jogando-no para "debaixo do tapete" - título do terceiro episódio da série. Dessa forma, minha essência e alma permanecem sempre veladas, causando em mim desagradável e permanente sentimento de vazio e solidão.

Monday, February 25, 2008

A Reunião

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A REUNIÃO

Onze jovens intelectuais
(Literatos, poliglotas e educados.
Todos eles integrantes
Da elite pensante brasileira.
Preparados, moldados e polidos
Pelos melhores mestres
Das melhores instituições de ensino)
se encontram em uma sala.

(As camisas são brancas e lisas;
Os ternos, bem engomados;
Os cabelos, bem esticados;
Os nós, nas gravatas, bem feitos;
Os sapatos, brilhantes e negros;
Os sorrisos, amarelos e feios;
Os gestos, lentos e calmos;
Os rostos, belos e tristes.
Suas falas repetem os livros
Que repetem outras falas
Que se repetem
Que se repetem
Que se repetem)

Reunidos num círculo oco
Os jovens debatem
O futuro de outros seres
(humanos ou não)
Que nunca verão
Nem nunca virão a abraçar.

Assim preenchem suas tardes:
Suas vísceras cheias de tédio.
Seus pensamentos cheios de nada.
Suas veias desprovidas de sangue.

Através da janela,
Assistem, alheios e inertes,
(Sentados na última fila, bem longe do palco)
A um espetáculo
Que não admite intervalos
E que não pára de acontecer
Chamado vida.

(A chuva cai livre lá fora.
Os pingos passeiam no vento
De quando em quando,
Colam seus olhos no vidro
Espiando, zombeteiros,
A estupidez
A mediocridade
E o vazio
Das pessoas que ali se reúnem)

Wednesday, April 25, 2007

Afinal....

Qual o problema com os clichês mesmo?

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Sabem o que eu acabei de sacar? Que se você gostar das mesmas coisas que as pessoas gostam, se vir os filmes da moda, se escutar as músicas da moda, se gostar de baladinhas da moda, se vestir as roupas da moda, você será apenas mais um que faz todas essas coisas. Um comum.

Agora, se você não gostar das mesmas coisas que as pessoas gostam, se não assistir aos filmes da moda, se não escutar as músicas da moda, se não gostar das baladinhas da moda e se não se vestir com as roupas da moda, você será apenas mais um que não faz todas essas coisas. Um comum.

Para finalizar, se você, de vez em quando, fizer as coisas da moda e, às vezes, não as fizer, aí sim: você será apenas mais um que, de vez em quando, faz as coisas da moda e, às vezes, não as faz. Um comum.

Monday, March 19, 2007

Quem amiga aviso é

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Experimente ficar 15 minutos sem pensar no tempo. É como se você ganhasse 15 minutos extras para fazer todas as coisas inúteis que vc tem para fazer.

Teorema de Zefa nº LXVII

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Hoje faz 20 dias desde a minha última aparição por aqui. Sério? Sim, minha última aparição se deu no ano passado. E daí?

Não gosto de pensar no tempo como uma sucessão de segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, séculos. Por um simples motivo: se eu fosse o tempo, não gostaria que tivessem essa concepção simplista de mim. É mais ou menos assim: se eu fosse mulher, eu não gostaria que conversassem somente sobre novelas comigo, entende? Brincadeira. Isso não é nada filosófico e nem pode ser considerado um teorema. Mas é o que eu sinto, e acredito que este sentimento nada tem a ver com os preconceitos assimilados irracionalmente por nós, em virtude da nossa educação. Assim sendo, foda-se. Tô a fim de escrever e nem sei o motivo de você ler isto agora.

Ilustrarei: as coisas não se situam no espaço. As coisas se situam no tempo. O tempo é anterior ao ser humano e este é controlado por aquele, e nunca o contrário. O tempo zomba de você a todo instante (que também é uma construção volátil e inconstante do tempo). As unidades de medida são meras vestes do tempo, que se delicia com a vã sensação do homem de controle sobre ele.

As Aventuras de Dona Zefa (ou Soneto da Liberdade)

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Ah!, se eu fosse marinheiro
Marinheiro em sentido lato
o primeiro verso rima com o quarto
o segundo verso rima com o terceiro

Eu sou de lá, não sou de si;
Se acaso me quiseres
Eu sou dessas mulheres
Que só sabem dizer ni.

A métrica é o mais difícil
Com'eu odeio decassílabos
E difícil só rima com míssil.

Dois quartetos e dois tercetos
Se eu me chamasse Gepeto
Seria uma rima, não um soneto.

Wednesday, December 20, 2006

Teorema de Zefa nº IV

A comunicação é inútil. As palavras são inúteis.

Quando digo ou escrevo uma oração, faço uso de palavras. Estas simples palavras não são apenas fonemas ou letras agrupados: são concepções, valores, conceitos, atribuições, experiências. Impossível que duas pessoas compartilhem as mesmas concepções, os mesmos valores, conceitos, atribuições e experiências. Dessa maneira, o que acontece é o seguinte: sempre que digo/escrevo algo, pelo fato de me utilizar de palavras que nem sempre correspondem ao que quero dizer, existe uma distância entre o que quero dizer e o que efetivamente digo. Grande parte da comunicação já se perdeu nesta primeira fase: se digo/escrevo "mesa", a imagem de uma "mesa" para mim é completamente diferente da imagem de uma "mesa" para você. Quanto mais se fala/escreve, mais a comunicação se distancia: é uma distância que cresce exponencialmente. Assim, se falo/escrevo "mesa azul grande", deve-se interpretar cada conceito isoladamente e em conjunto, compartilhando-se aquele pano de fundo construído intersubjetivamente a que se chama de "mundo da vida", a fim de que se atinja a verdadeira comunicação que, na prática, não existe.


Complemento, por Michel Alflen. (http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=10613445210024290500)

De tudo isso, o que acho especialmente divertido é que o ser humano é emotivo por natureza. Tudo que faz objetivamente é, na verdade, subjetivo. Todo julgamento imparcial é subjetivo. Todo pensamento racional é subjetivo. Invariavelmente, em algum ponto da cadeia lógica, existe uma base não explicável por lógica, algo que as pessoas simplesmente assumem que é de determinado jeito e pronto. O que significa que concepções, valores, conceitos e atribuições de você mesmo e de suas experiências estão sempre limitadas pela sua percepção. Percepção é ilusão. Cada um está cego para o que efetivamente diz com as palavras que usa E para o que acredita que pensa e tentou dizer. Você não é você, você é um conjunto de idéias e concepções e percepções que mudam, entram e saem (sem erotismo aqui), que orbitam em torno de um núcleo simbólico. Você é um átomo. E amanhã, o que a Dona Zefa pensa sobre a inutilidade da comunicação pode ser diferente do que pensa hoje (melhor: do que pensa que pensa, mas que não consegue realmente ver porque as emoções interferem com o julgamento racional). Ou, por pura coincidência, as idéias e concepções e percepções podem mudar e se reorganizar de forma a fazê-la achar novamente que a comunicação é inútil.

Friday, November 24, 2006

Democracia



Nada mais democrático do que o coração humano, no sentido literal da palavra. Ah, vá, tire suas próprias conclusões a respeito. Por que um texto deve ter início, meio e fim? Por que as conclusões são tão necessárias? Um dia ainda escrevo um texto apenas com fim, sem início ou meio.

Thursday, November 09, 2006

Enquanto houver rebeldia não vai haver poesia

Os rebeldes serão sempre os responsáveis pela quebra (ou pelo início do processo de ruptura) de determinado paradigma. Uma vez quebrado este paradigma, surge um novo padrão. Esse padrão se tranformará em um novo paradigma, surgindo, assim, novos rebeldes para quebrá-los. A isso, dá-se o nome de "evolução". Pergunto: será que evoluímos mesmo?

Não nos esqueçamos de que todos os preconceitos, desigualdades e crueldades a que se submeteu a humanidade foram construídos por rebeldes de outros tempos, que quebraram paradigmas, que viraram padrões e assim por diante. A propriedade privada, por exemplo, e todas as consequências desastrosas que ela trouxe para a humanidade, foi idéia de um rebelde que resolveu dizer: "Isso é meu", em detrimento da vontade da maioria. Hoje vivemos num contexto capitalista, que é o padrão, e quase ninguém discute se esse modo de produção nos liberta ou se nos afasta da verdadeira essência do ser humano.

Eu não sou capitalista, não sou comunista, não sou anarquista, não tenho ideologia e não quero nenhuma para viver. Só proponho um estilo de vida mais humano, mais tranquilo, com menos competição. Proponho uma desaceleração da humanidade, talvez até um "retrocesso" (ao meu ver não seria um retrocesso). Acho que a tecnologia consiste num grande progresso científico, mas também em um grande retrocesso humano. Haja vista a complexidade das relações humanas na atualidade, talvez eu seja um rebelde por dizer isso.

Friday, October 27, 2006

O que pode ser tão urgente?

Antigamente não havia telefone celular, telefone fixo, e-mail, MSN, Orkut, telegrama, automóvel, computador, avião, bicicleta, bolsa de valores, televisão, relógio, luz elétrica, rádio e os cavalos não eram domesticados. Quando alguém queria dar o recado, deveria se deslocar até o recinto onde se encontrava o seu interlocutor. Lá, dava o recado, tomava uma cerveja, comia um petisco, colocava o papo em dia e partia de volta ao seu local de origem. O ritual sempre se repetia quando alguém precisava dar um recado. Os recados urgentes, antigamente, eram diferentes. Eram coisas realmente urgentes, como a falta de açúcar ou de manteiga para se fazer um bolo. Atualmente, a necessidade da comunicação nos sufoca. Mandamos um e-mail para o vizinho para que ele nos forneça, através do porteiro, que coloca no elevador, a pitada de sal que falta para que se conclua a receita de ovo frito retirada da internet. Digo e re-digo: a evolução na tecnologia da comunicação e da informação só afasta as pessoas. Alguém dirá: "mas o telefone, o celular, a internet, o e-mail, tudo isso contribuiu para a maior celeridade e eficiência na comunicação entre as pessoas". Afinal, por que estamos com pressa mesmo?

Saturday, October 21, 2006

Ela não vem, ôôô laiá, ela não vem....

Nem a física quântica, nem a religião, nem os mais remotos rituais de vudu. Nada fará com que ela apareça. Ela não sai da música que agora ouves no volume mais alto, nem do filme que viste anteontem, nem da dor que sentiste outrora, nem da chachaça bebida e degustada, nem do papo mais produtivo com os amigos. Ela não vem. E não adianta chorar, fazer biquinho, resmungar, colocar a culpa em outra pessoa. Ela não vem.

Diamante Dilapidado

Bem, eu me odeio.
E todo mundo se odeia.
Então o quê? Eu me apavoro.
Mas tudo bem, eu digo a mim mesmo que não passa da minha imaginação.
Então eu deixo o veneno se esvair.
Pois eu sempre saberei que você estará comigo.

Wednesday, October 11, 2006

Hora da poesia!



Poema sobre o casal sincero e apaixonado que acabara de jurar amor recíproco e eterno mas acabou fatalmente atropelado por um ônibus desgovernado logo em seguida - motivo pelo qual as afirmações por eles proferidas restaram irrefutavelmente verdadeiras

Ele: vou te amar para o resto da minha vida.
Ela: eu também.

O descongelamento dos pólos.



O que aconteceria se os pólos terrestres derretessem? Eu respondo: nada. Criei uma experiência que responde de maneira irrefutável essa questão.

1. Pegue um copo.Coloque duas doses de whisky (de preferência "Chivas" 21 anos. Na falta, pode ser qualquer um).
2. Coloque uma pedra de gelo (que representará os pólos terrestres).
3. Marque o nível da água (que representará os oceanos e mares).
4. Resista à tentação de beber o conteúdo da solução até que o gelo se derreta completamente.
5. Meça novamente o nível da água.

Pela minha teoria, o nível da água vai ser o mesmo. O problema é que nunca consegui realizar o item 4. Então, se alguém conseguir, conte-me o resultado.

Friday, September 29, 2006

Hey Hey



Escrever tudo o que me vem na cabeça e depois pensar. Isso é muito bom. I said maybe. Às vezes eu penso em inglês. Às vezes em "musicalês". Palmas. Como descrever "palmas" em palavras? Quem inventou as palmas? Antes disso: quem foi o primeiro a dizer uma palavra (e quem foi o primeiro a compreendê-la?)? E, depois de ditas centenas, milhares de palavras, quem foi o primeiro a dizer uma frase? E quem foi o imbecil a copiá-la? "Farsa!", diria o primeiro a ouvir uma frase. Quantas vidas não teria poupado. Antes as palavras diziam respeito a necessidades reais: fome e sexo. Nada mais imbecil do que a comunicação. A origem da imbecilidade humana se deu com a comunicação. Mais precisamente com a fala. Seríamos mais felizes se não soubéssemos falar. Enfim: eu sou contra a felicidade. É muito difícil ser feliz. Para ser feliz, é preciso encontrar o verdadeiro amor, não ingerir gorduras trans, praticar esportes, ser esteticamente belo, ler jornais, do not look back in anger, acreditar em deus, gostar das coisas que as pessoas gostam. Ou seja: é impossível ser feliz sendo o que você realmente é. Sempre haverá uma pontinha de culpa quando você pinta o seu cabelo de verde, quando você come aquela suculenta fatia de bacon, ou quando você pega aquela gordinha.

Saturday, September 23, 2006

Hay que endurecer!

Meu sonho é que um dia a música se desvirtue da música. Do ritmo. Quem disse que a música deve ser rítmica? Quem disse que a música deve seguir uma batida? Um tom? Uma escala? Eu proponho a anarquia musical. Faze o que tu queres musicalmente. Duvide da melodia que soa bem aos ouvidos. Farsa! Querem te enganar! Querem te vender! Duvide da rima. Afinal, pra que rimar? Duvide da guitarra distorcida, do contra baixo e da bateria. Você já ouviu isso antes! Duvide da zabumba, do triângulo, da caixa. Você já ouviu isso antes! Duvide do pandeiro, do surdo, do tamborim, do cavaquinho. Você já ouviu isso antes! Duvide da viola, do violão, do acordeon, da segunda voz. Você já ouviu isso antes!

Eu proponho a revolução musical. A revolução nos valores musicais. O fim da afinação. O fim dos tons. O fim das escalas. O fim das claves. O fim das oitavas, das notas, dos acordes. O fim dos instrumentos.

"O casamento causa a uma rapariga profundas perturbações morais e físicas; mas ao casar-se nas condições burguesas da classe média, deve ainda estudar interesses inteiramente novos, e iniciar-se em negócios; daí, para ela, uma fase que necessariamente permanece em observação, sem nada fazer".

Teorema de Zefa

O inverso do sentido anti-horário ao contrário elevado a menos um no Japão (onde tudo é de cabeça para cima, se virado de ponta cabeça). O resultado é zero. Podem fazer as contas.

A história do mundo

Tudo começou com o silêncio. Logo em seguida veio a escuridão. Estava tudo muito bem, até que algum imbecil gritou: "Faça-se luz!" Com uma cajadada apenas, acabou com silêncio e com a escuridão. Estava definido o plenário. Na extrema esquerda, o silêncio, a escuridão. Na extrema direita, a luz, o barulho. No centro, a penumbra, o sussurro. Depois veio a mulher e fudeu com tudo. É por isso que o mundo é asim hoje.

Meu nome é Dona Zefa. E aí, vai encarar, porra?

A história da humanidade

Foi o seguinte. Nasceu o primeiro homo sapiens sapiens. Sua mãe, uma criatura que ainda não era homo sapiens sapiens, o criou, dando-lhe de mamar. Era provavelmente um homo sapiens sapiens do sexo feminino. Até que ela conseguiu se alimentar sozinha (provavelmente catando frutos e ervas que encontrava na natureza). Assim, sua mãe a abandonou, deixando-a à própria sorte. De alguma forma ela procriou. Teve inúmeros filhos, machos, fêmeas, veados. As únicas preocupações do homo sapiens sapiens, ainda que inconscientes, eram as seguintes: comer e trepar (por mero instinto, uma vez que não tinha noção do prazer nem do paladar). Não lhe preocupava a morte, uma vez que não a conhecia. Não conhecia, igualmente, a moral, o amor, que veio a conhecer milhares de anos depois (era um ser solítário: como poederia conhecer o amor?). Sua memória era curtíssima: se matava um búfalo, era capaz de satisfazer a sua fome momentânea e sair dali, vagando errante, passando fome nos dias subsequentes, sem compreender que aquele mesmo búfalo poderia matar a sua fome no próximo mês inteiro (sabia que existia a luz e a escuridão, mas como desconfiaria do dia e da noite?). Enfim: eram seres humanos felizes, estes. Milhares de anos se passaram, até que o ser humano inventou o rebobinador automático de fitas VHS.